
Por: ATTILA MATTOS
21/12/2024
07:20:04
OS FILHOS DE ARGEMIRO E SEUS ANIMAIS EXÓTICOS

Argemiro continuava na sua vida de esbórnia ainda
machucado e com as lembranças da traição, mas já mostrava sinais de segurança e
da autoestima em recuperação. Foi numa dessas andanças pela noite que entrou
numa lanchonete e foi atendido por Clarisse. Ela era falsa magra e
simples, mas de uma beleza e elegância discretas que, de pronto,
encantaram meu amigo. Ele segurou sua mão, aproveitando seus dotes
adquiridos de galanteador, e disse palavras que toda mulher normal quer ouvir;
o tipo de cantada leve, mas verdadeira e que vem do coração. Argemiro, já meio
cansado da vida boêmia, viu o que tinha de mais belo no âmago daquela mulher, e
daí, a possibilidade de amar verdadeiramente outra vez. A coisa não foi pensada
e sim, intuitiva. Voltou várias vezes à lanchonete e começaram a namorar.
Haviam se passado alguns anos e, aos gritos ainda de “ABAIXO A DITADURA” e
depois “DIRETAS JÁ”, o general Figueiredo pôs fim ao regime ditatorial militar
no Brasil. Foi nesse clima de euforia civil que Argemiro e Clarisse marcaram o
casamento para o dia 7 de setembro de 1985. Dessa união surgiram dois filhos;
Antonio e Pedro.
O tempo passou e, na adolescência, Pedro começou a se interessar por animais
exóticos tais como cobras lagartos e outros, causando surpresa e estranheza nos
seus pais. Pedro comprava casinhas, objetos e rações especiais como se fossem
para animais domésticos de estimação tais como cães e gatos. Até aí, tudo bem,
pois cada um tem suas escolhas desde que não prejudique ninguém, e a criação de
cobras não venenosas e de outros animais desse tipo, que hoje são moda entre
muitos jovens, realmente não trazem prejuízo a quem quer que seja. Pedro
capturava ratos para alimentar sua cobra e um dia apresentou quadro de febre
alta ficando duas semanas internado no hospital. Pedro sofreu muito
e sua família também.
Eu escrevo esses artigos para esclarecer do risco que os animais oferecem de
transmitir doenças ao homem; as zoonoses. Essa é a minha função de Médico
Veterinário e, sendo assim, sanitarista. Os ratos e outros roedores
silvestres, por exemplo, podem transmitir a febre hemorrágica com síndrome
renal, a leptospirose e outras doenças. Portanto, é preciso ter consciência e
tomar cuidados preventivos. Deve-se procurar orientação técnica antes de tudo.
ENFIM, É PRECISO AMAR OS ANIMAIS COM RESPONSABILIDADE!!!