Por: ATTILA MATTOS
29/09/2024
07:41:17
HENRIQUE, SUA PETSHOP E OS POMBOS
Henrique é
filho de um pai alucinado pela natureza que aos 14 anos teve uma intuição de
que deveria sair do centro urbano e direcionar sua vida para o interior.
Baseado nessa intuição, ele mudou sua opção de música ou jornalismo para fazer
vestibular para Medicina Veterinária. Com essa ideia ele influenciou vários
amigos que também optaram por profissões ligadas ao campo naqueles anos da
década de 1970 a 1980. Na verdade, essa foi uma tendência de muitos jovens
daquele momento em que se negava o modelo de vida estritamente urbano para uma
filosofia mais preservacionista do meio ambiente.
Ele, que
é o quarto filho de uma prole de cinco, já encontrou seu progenitor aos 40 anos
de idade e bem sucedido. Era natural que seguisse a profissão do pai por já
encontrar uma clientela feita. No entanto, quando acompanhava seu pai num
serviço de toque retal para diagnóstico de gestação de uma vaca, Henrique
decidiu que não tinha aptidão para tal ofício. Pensando assim, direcionou sua
vida profissional para a área de administração de empresas e, num determinado
momento, percebeu que poderia aproveitar o espaço e a clientela de seu pai para
montar sua pet shop. Em pouco tempo sua loja era um grande sucesso
principalmente pela capacidade administrativa de Henrique.
Em meio ao
grande movimento comercial, a loja de Henrique começou a receber a visita de
pombos, talvez atraídos pelo cheiro de ração.
A presença dos pombos tornou-se um aspecto pitoresco e Henrique passou
até a colocar ração própria, o que gerou a proliferação dos pássaros no bairro.
Em conversa com o responsável técnico de sua loja, este o alertou quanto ao
risco do aumento da população de pombos, mas Henrique contraditou dizendo que
os pombos eram um atrativo para seu negócio.
Numa
terça-feira pela manhã, Henrique foi procurado pelo serviço de defesa sanitária
do município devido à notificação de um caso de criptococose. A pessoa afetada
era um freguês da petshop que estava internado no hospital com risco de morte.
A criptococose
é uma doença grave causada pelo fungo Cryptococcus neoformans e transmitida por
pássaros (pombos, morcegos e outros) através do contato direto com as fezes ou
por inalação do pó de fezes secas. Ocorre inicialmente um foco no pulmão e
depois no cérebro causando quadro neurológico. Também podem ocorrer focos na
pele, mucosas, ossos e outros órgãos. Os sintomas são: febre alta, dor
torácica, hemoptise, nódulos nos pulmões, rigidez na nuca, distúrbios visuais e
meningite. É quase sempre fatal se não for tratada adequadamente. O controle da
doença é feito pela contenção da população de pombos.
Felizmente o
freguês de Henrique não morreu, mas fica a orientação de que não devemos
alimentar os pombos para não estimular o aumento de sua população nas cidades e
no campo. Os pombos devem buscar seu alimento normalmente na natureza.
Para Henrique e
para todos nós fica a lição de sempre:
“É PRECISO AMAR OS ANIMAIS COM RESPONSABILIDADE”