Por: ATTILA MATTOS
19/05/2024
07:40:29
CRISTINA E SUA ONG DE ANIMAIS ABANDONADOS
Vivia-se em belas residências, nossos pais
tinham os melhores empregos públicos e, enfim, tínhamos todas as mordomias que
a circunstância política podia oferecer. Estudávamos nas melhores escolas,
freqüentávamos as melhores rodas sociais e nos fins de semana íamos para nossas
residências de praia ou de serra . As festas eram suntuosas, os automóveis
maravilhosos e a criadagem sempre à disposição. Nossos pais eram capazes de ir
à Petrópolis num fim de tarde apenas para tomar chocolate usando lògicamente
seus carros oficiais com combustível pago pelo poder público. Os carnavais em
Friburgo, Teresópolis, Cabo Frio e outras cidades turísticas eram regados com
as melhores iguarias de que se podia dispor. Os melhores hotéis e clubs abriam
as portas para receber os donos do poder. Nas férias fazíamos cruzeiros
marítimos e viagens de avião com o verdadeiro glamour que hoje não se vê.
Éramos tratados realmente como os nobres proprietários da nação.
Eu e minha
prima Cristina crescemos nessa condição de pompa e riqueza. Filhos de políticos
da capital federal, militares, juízes, desembargadores, fiscais de renda,
médicos e engenheiros, todos com suas rendas de empresas, além dos cargos
públicos que exerciam com seus salários maravilhosos e as vantagens inerentes.
As mansões se multiplicavam. Eu me formei em Medicina Veterinária e Cristina,
em Direito. Eu vim para o interior do Estado e Cristina ficou na capital.
Depois de um bom tempo de afastamento, recebi um convite de Cristina para
conhecer uma ONG da qual ela era atuante. A organização cuidava de animais
abandonados e aceitei participar de uma reunião do grupo, pois, afinal de
contas, como Médico Veterinário, eu deveria mostrar interesse em tal sociedade.
Durante o encontro fiquei apavorado com o comportamento dos participantes.
Parecia mesmo uma milícia. Os depoimentos demonstravam ódio ao ser humano e um
amor extremo aos animais como se nós não fôssemos também animais, o que na
realidade somos. Depois da reunião tentei argumentar com Cristina sobre as
zoonoses e ela reagiu com brava contrariedade. Aceitei conhecer um abrigo que
eles mantinham e me assustou o tenebroso odor pútrido do local. Na casa de
Cristina também me impressionou a
promiscuidade com que ela e os filhos viviam com os cães e gatos adotados pela
família. Alertei minha prima da possibilidade de contraírem doenças dos animais
mas ela negou dizendo que quem ama os animais tem proteção incondicional. Em
nossa conversa após o jantar coloquei que o local de animais deve ser dentro
dos quintais e abrigos, mas nunca, soltos nas ruas, porém, ela zangou comigo,
dizendo que era pitoresco tê-los nas ruas apesar de meus argumentos de que eles
podem sofrer maus tratos, provocar acidentes e transmitir doenças(zoonoses).
Enfim, nosso encontro não terminou muito amigável como poderia ter sido.
Tempos depois
eu e Cristina nos encontramos numa dessas reuniões de família e ela me relatou
que vinha lutando contra uma doença de pele contraída por um de seus filhos; a
microsporidiose, uma doença fúngica que depois de instalada no corpo humano, é
de longo tratamento e difícil cura, além do terrível aspecto que dá à pessoa
afetada. Não voltei a insistir com ela sobre a conversa que havíamos tido
anteriormente sobre a relação sadia que devemos manter entre homens e animais
porque o fato da doença que o filho dela contraiu deixou evidente que:
É PRECISO AMAR OS ANIMAIS COM REPONSABILIDADE!!!