Por: ATTILA MATTOS
21/07/2024
09:02:22
ANA, SEU FILHO, OS GATOS E A TOXOPLASMOSE
Conheci Ana
já com 30 anos quando prestava serviço de Médico Veterinário aos cães de sua
casa de campo em Mury. Era uma bela mulher de meia idade, simples, discreta,
educada e gentil. Naquela data não tinha gatos, nem filhos e me confidenciou
que adorava gatos e que estava afastada deles desde a adolescência. Eu
estranhava o fato daquela mulher bonita e bem sucedida ainda não ser mãe apesar
de casada. Mas o tempo foi passando, nossa amizade foi se estreitando e aí, um
dia, veio a notícia de que Ana estava grávida, o que para mim foi uma alegria
pelo que gostava e respeitava a amiga. Seria a realização do sonho de toda
mulher. Conversamos e ela mostrava-se realmente feliz. Durante a gravidez soube
que ela havia adotado um gato e com isso teria retomado sua relação com os
felinos. Era tudo de bom, um gato e um filho. Não pude orientá-la do risco da
adoção pois quando soube já tinham passado alguns meses.
Ao fim dos
nove meses o parto ocorreu normalmente e Ana deu a luz a um belo menino de
quase 4 kg. Tudo era perfeito e, apesar dela ter mais de 30 anos, a maternidade
chegou dentro do esperado. Ao serem feitos os exames pós-natais constatou-se
que o menino tinha um problema de visão e daí começou um imenso drama de grande
sofrimento na vida de Ana, seu marido e do querido filhinho. Com as pesquisas
iniciais foi descoberto que o caso era de visão periférica provocada pela
TOXOPLASMOSE certamente transmitida pelo gato que Ana adotou e que, depois de
anos sem ter tido contato com gatos e com o germe que ele pode transmitir, o
toxoplasma, essa nova aproximação durante a gravidez provocou o que se chama de
“reagudização” que gera deformações no feto tais como cegueira, visão
periférica e outros. Seguiu-se então uma
infindável peregrinação por médicos diversos, centros de diagnóstico,
laboratórios e institutos oftalmológicos na tentativa de melhorar a visão do
menino. A grande preocupação era de que ele pudesse enxergar o mínimo para ser
alfabetizado. Durante anos o casal lutou para minorar a deficiência de seu
filho.
Ana alugou sua casa de campo e nunca
mais tive notícias do caso, mas as questões que decorrem desse relato são as
seguintes:
-será
necessário tamanho sofrimento só por causa da adoção de um gato?
-será que
nós somos devidamente informados sobre as zoonoses pelas escolas, pelos órgãos
de saúde competentes e pela mídia em geral?
-será que
quem promove as campanhas de adoção de animais informa e alerta à população
sobre esses riscos?
A orientação
que dou como sanitarista é de que nunca compre ou adote um animal sem consultar
um Médico ou um Médico Veterinário pois estes conhecem as zoonoses.
É PRECISO
AMAR OS ANIMAIS COM RESPONSABILIDAE!!!