
Por: ATTILA MATTOS
26/03/2022
08:46:45
DRA. NATALIA E SEU BICHANO LELECO

Aos poucos
percebi, pela conversa, que se tratava da promotora. Ouvi quando relatou que
hoje teria 14 audiências e que nem sabia a que horas chegaria em casa. Ouvi
também quando ela disse que os filhos tinham ido estudar fora, que só morava
com ela a mais jovem, de 14 anos, e que sentia falta dos filhos. Pensei que ela
estava passando pelo mesmo momento que eu, a síndrome do ninho vazio, que dói
muito até a gente se acostumar com a ausência dos filhos. A conversa delas
seguiu até que fomos chamados para a audiência. Quando entrei na sala observei
que a juíza tinha aspecto de idade e cansaço semelhante ao da promotora. Eram
duas senhoras, ainda jovens, com certeza com filhos, e vestidas formalmente
como exige a função que exercem na sociedade. Imaginei naquele momento como
deveria ser exaustivo passar dias inteiros ouvindo depoimentos muitas vezes
ridículos dentro desse quadro de “cultura do litígio” que se instalou no Brasil
e que leva cidadãos que poderiam resolver suas contendas amigavelmente, a
tornarem-se inimigos quase sempre por ação de advogados inescrupulosos que
estimulam as ações banais para se locupletarem com as brigas entre as pessoas.
A audiência seguiu e logo
ficou claro que a proposta de uma das partes era irrecusável, porém, a outra
parte não aceitava e nesse momento ficou mais evidente e justificável o cansaço
de ambas, da promotora e da juíza. Num determinado momento, a parte que não
aceitava o acordo lançou uma pérola: “eu até fui morar em Lumiar, um lugar
lindo e cheio de cachoeiras”. Minha primeira reação foi de rir visto que essa
declaração nada tinha a ver com o processo, mas minha advogada me chamou
atenção visto que meu riso seria considerado deboche apesar da declaração ter
sido mesmo ridícula. Mas num segundo momento comecei a pensar o quanto aquelas
duas senhoras, juíza e promotora, estariam exaustas e ansiosas para ir para
casa, tirar a roupa de trabalho, tirar o sapato alto, colocar uma sandália ou
mesmo ficar descalça, fazer uma comidinha gostosa, beber um suco, vinho,
cerveja, ou qualquer coisa que as fizesse relaxar depois de ter passado o dia
ouvindo esses absurdos que se ouve em audiências.
Naquela noite, a nossa Dra.
Natalia chegou em casa às 22h e quando já tinha enfim mudado a roupa para uma
vestimenta mais leve, o telefone tocou e era sua filha pedindo que a pegasse no
curso de inglês. Mais uma vez nossa amiga, morta de cansada, trocou de roupa e
foi buscar a filha. Eram perto de 23h quando ela e a filha entraram em casa.
Natalia, acabada, atirou-se no sofá e foi nesse momento que entrou em cena seu
gato Leleco. O bichano subiu no sofá e acariciou Natalia com seu pelo sedoso
como se compreendesse a exaustão da mesma. Durante meia hora ficaram ali em
relaxamento até que ela pegou no sono. Mais ou menos à meia-noite Natalia
despertou mais forte, fez um pequeno lanche, escovou os dentes, botou pijama e
deitou. Já na cama, pensou: “o que seria de mim sem o Leleco?”
É impressionante a importância
dos animais em nossas vidas. Portanto, caros leitores:
É PRECISO AMAR OS ANIMAIS COM
RESPONSABILIDADE!