
Por: CHICO VELLOZO
03/03/2022
21:55:29
HÁ VIDA NA DERROTA

Enaltecer a vitória e condenar a derrota é o usual, sendo
muito difícil fugir desse padrão estabelecido. Entretanto, vários fatores
intervenientes envolvidos em disputas esportivas devem ser considerados para
que haja a desejada evolução da humanidade. Primeiramente, os campeões no
esporte necessariamente não desfrutam desse mesmo sucesso na vida. A vitória em
competições não garante o equilíbrio emocional e a maturidade necessários para
lidar com as dificuldades impostas pelo dia a dia, pois muitos campeões
sucumbem quando se deparam com as situações consideradas corriqueiras para uma
pessoa “normal”.
Nações altamente desenvolvidas, em muitas das vezes, não alcançam
o topo no quadro de medalhas, mas dispõem de um elevado índice de
desenvolvimento humano e suas populações desfrutam de um bom padrão de vida. É
emocionante ver a bandeira do nosso país tremular em destaque e ouvir o hino
nacional durante a cerimônia de premiação na qual a emoção da vitória é plenamente percebida pelas lágrimas vertidas pelos campeões. É tudo lindo e até inesquecível, mas caio na real e constato que há um verdadeiro mundo paralelo. O esporte,
em todos os âmbitos, merece uma atenção toda especial, mas é fundamental
diferenciar o mérito individual do resultado de uma política nacional
esportiva. Infelizmente, vitórias no cenário internacional não garantem
condições melhores de vida para a população em geral O fato de sermos pentacampeões mundiais de futebol - uma das modalidades mais disputadas do mundo – não
tornou o Brasil um país de primeiro mundo. Apesar do notório predomínio, continuamos com sérios problemas em áreas
essenciais como educação, saúde, segurança, infraestrutura...
As Olímpiadas de Tóquio serviram de vitrine para exemplos
encantadores. As provas de skate foram repletas de positividade, apresentando
para o mundo um ambiente esportivo distinto em que vale até torcer pelo concorrente,
sendo inaceitável desejar o mal desempenho do adversário. Em outra modalidade, a enorme
pressão por uma vitória memorável gerou a desistência da ginasta Simone Biles(USA),
que acabou abdicando do status de sobre-humana para candidamente reconhecer sua
condição de falível e dotada de limitações como as demais. Ela vai entrar para
história por renunciar um papel de supermedalhista imposto pela mídia. Sua
atitude exemplar deixou patente a relevância prioritária da saúde, seja no
âmbito físico ou mental. Foi épico também o instante em que 2 competidores do
salto em altura decidiram dividir o primeiro lugar no pódio. Os atletas
Gianmarco Tamberi(Itália) e Mutaz Essa Barshim (Catar) protagonizaram uma
bonita cena ao compartilharem o “ouro olímpico” celebrando de maneira efusiva aquele
acontecimento.
Quem acompanha de perto o esporte brasileiro, sabe que
estamos muito distantes de uma realidade minimamente aceitável. A conquista de
medalhas não expressa verdadeiramente a situação totalmente adversa enfrentada
por aqueles que almejam obter sucesso em esportes de alto rendimento. Temos que
admirar verdadeiramente a todos que obtém destaque em suas modalidades
esportivas, mas há vida também na derrota. Na situação adversa existe um enorme
aprendizado, e quem se propõe a competir sabe que está sujeito a resultados desfavoráveis.
No meu caso, fui um esportista muito dedicado e diziam que até “levava jeito
para a coisa”. Com certeza perdi mais do que ganhei, mas as pessoas não me
consideram um perdedor por isso, acho que algumas até me admiram por ter
tentado ser um campeão da vida... bom filho bom pai, bom irmão, bom amigo, bom
profissional, bom cidadão...enfim, uma boa pessoa. O mais importante é que me sinto muito feliz pela opção e continuo tentando ser tudo isso!
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