CHICO VELLOZO
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Botafoguense e torcedor da Portela Chico, é formado em erros e acertos da vida e um grande observador do cotidiano.

Por: CHICO VELLOZO

21/08/2024

17:30:41

HÁ VIDA NA DERROTA

Enaltecer a vitória e condenar a derrota é o usual, sendo muito difícil fugir desse padrão estabelecido.
HÁ VIDA NA DERROTA
No desenrolar do evento esportivo mais importante do planeta nos deparamos com questões recorrentes. A dicotomia vitória/derrota fica intensamente exacerbada durante a realização dos Jogos Olímpicos gerando interpretações variadas. Para alguns, só o fato de participar de uma edição da famosa competição já é uma vitória, mas para outros só a medalha de ouro interessa. No detalhe: O desabafo antes da comemoração.

Entretanto, vários fatores intervenientes envolvidos em disputas esportivas devem ser considerados para que haja a desejada evolução da humanidade. Primeiramente, os campeões no esporte necessariamente não desfrutam desse mesmo sucesso na vida. A vitória em competições não garante o equilíbrio emocional e a maturidade necessários para lidar com as dificuldades impostas pelo dia a dia, pois muitos campeões sucumbem quando se deparam com as situações consideradas corriqueiras para uma pessoa “normal”.

Nações altamente desenvolvidas, em muitas das vezes, não alcançam o topo no quadro de medalhas, mas dispõem de um elevado índice de desenvolvimento humano e suas populações desfrutam de um bom padrão de vida.

É emocionante ver a bandeira do nosso país tremular em destaque e ouvir o hino nacional durante a cerimônia de premiação na qual a emoção da vitória é plenamente percebida pelas lágrimas vertidas pelos campeões. É tudo lindo e até inesquecível, mas caio na real e constato que há um verdadeiro mundo paralelo.

O esporte, em todos os âmbitos, merece uma atenção toda especial, mas é fundamental diferenciar o mérito individual do resultado de uma política nacional esportiva. Infelizmente, vitórias no cenário internacional não garantem condições melhores de vida para a população em geral O fato de sermos pentacampeões mundiais de futebol - uma das modalidades mais disputadas do mundo – não tornou o Brasil um país de primeiro mundo.  Apesar do notório predomínio, continuamos com sérios problemas em áreas essenciais como educação, saúde, segurança, infraestrutura...

As Olímpiadas de Tóquio serviram de vitrine para exemplos encantadores. As provas de skate foram repletas de positividade, apresentando para o mundo um ambiente esportivo distinto em que vale até torcer pelo concorrente, sendo inaceitável desejar o mal desempenho do adversário.

Em outra modalidade, a enorme pressão por uma vitória memorável gerou a desistência da ginasta Simone Biles(USA), que acabou abdicando do status de sobre-humana para candidamente reconhecer sua condição de falível e dotada de limitações como as demais. Ela vai entrar para história por renunciar um papel de supermedalhista imposto pela mídia. Sua atitude exemplar deixou patente a relevância prioritária da saúde, seja no
âmbito físico ou mental. Foi épico também o instante em que 2 competidores do salto em altura decidiram dividir o primeiro lugar no pódio. Os atletas Gianmarco Tamberi(Itália) e Mutaz Essa Barshim (Catar) protagonizaram uma bonita cena ao compartilharem o “ouro olímpico” celebrando de maneira efusiva aquele acontecimento.

As Olimpíadas de Paris também foram repletas de fatos marcantes. A tranquilidade com que o surfista Gabriel Medina aceitou a ausência de ondas, que inviabilizou a cobiçada medalha de ouro, e a comemorada medalha de bronze da seleção feminina de vôlei do Brasil  foram marcantes. A vitória da dupla Duda/Ana Patrícia, depois da traumática experiência nas Olímpíadas de Tóquio, foi inesquecível pelo fato delas terem, verdadeiramente, a volta por cima. Só depois de um sofrido desabafo, Ana Patrícia celebrou a importante conquista.

Quem acompanha de perto o esporte brasileiro, sabe que estamos muito distantes de uma realidade minimamente aceitável. A conquista de medalhas não expressa verdadeiramente a situação totalmente adversa enfrentada por aqueles que almejam obter sucesso em esportes de alto rendimento. Temos que admirar verdadeiramente a todos que obtém destaque em suas modalidades esportivas, mas há vida também na derrota.

Na situação adversa existe um enorme aprendizado, e quem se propõe a competir sabe que está sujeito a resultados desfavoráveis. No meu caso, fui um esportista muito dedicado e diziam que até “levava jeito para a coisa”. Com certeza perdi mais do que ganhei, mas as pessoas não me consideram um perdedor por isso, acho que algumas até me admiram por ter tentado ser um campeão da vida... bom filho, bom pai, bom irmão, bom amigo, bom profissional, bom cidadão...enfim, uma boa pessoa. O mais importante é que me sinto muito feliz pela opção e continuo tentando ser tudo isso. Medalhas não me fazem falta!


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