Petrópolis também é destaque no cenário tecnológico por contar com modernos centros de pesquisa, laboratórios, empresas de renome internacional, além do LNCC – Laboratório Nacional de Computação Científica, que abriga o maior computador da América Latina, o Supercomputador Santos Dumont. Nos polos de tecnologia, as empresas dispõem de moderna  infraestrutura e dos  mais atuais conceitos para o setor, como espaços de coworking, uma forma nova de pensar o ambiente do trabalho. Ao se instalar em Petrópolis, o empresário do ramo da tecnologia encontra também um setor acadêmico especializado com instituições voltadas para o setor de Tecnologia, como o Cefet e a Faeterj. Em Teresópolis a Alterdata, fundada em 1989, é a maior empresa privada do município. Segundo Ladmir Carvalho, CEO da instituição, a Alterdata atua no mercado de software integrando a experiência de profissionais qualificados ao que há de mais moderno em Tecnologia da Informação.

Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis (que recentemente passou a integrar a região metropolitana) desenvolveram um sentido de pertencimento mútuo no qual empresários e gestores públicos passaram a valorizar o associativismo dentro de um espectro regional em que a identidade serrana prepondera.  A força desse ambiente de cooperação fez surgir uma inteligência coletiva atuante voltada para a construção de um território único e próspero. Assim sendo, essas cidades da serra fluminense atualmente vivenciam as reais possibilidades do desenvolvimento integrado em um ambiente repleto de fortes tradições, modernidade e muita inovação. 

Reunião do ecossistema local de inovação (InovaFri) e lideranças regionais sobre o projeto do Centro Tecnológico

Com clima ameno e qualidade de vida invejável, a Região Serrana já é destino certo de profissionais de alto gabarito que buscam um dia a dia mais tranquilo e seguro, muitas vezes renunciando aos altos salários dos grandes centros. Cientes desse potencial, numa relação público/privada proativa, os municípios serranos estão desenvolvendo projetos atraentes e desafiadores para a captação cada vez maior de pessoas qualificadas. Além disso, a dinâmica das relações dentro de um processo de mudanças, pode resultar na perfeita interação entre empresas e instituições de ensino no tocante a formação profissional. Vale destacar ainda que importantes parcerias estão sendo criadas em um ambiente no qual já impera o sábio entendimento de que são as pessoas, e não a tecnologia, que geram a inovação! 

Para saber mais sobre o atual cenário, entrevistamos o presidente do Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (CMCTI), Marcelo Verly: 

“Nova Friburgo é uma das cidades do interior fluminense com maior oferta de ensino superior e técnico-profissionalizante, de qualidade reconhecida. O próprio município mantém seu centro de formação profissional para a indústria do vestuário, formando centenas de profissionais a cada ano. Além disso, temos muitas inteligências nas mais diversas áreas e instituições sediadas no município. Nosso desafio é contribuir para que haja cada vez mais integração entre os diversos atores de nosso ecossistema de inovação (escolas técnicas, empreendedores, empresas, governo, startups, universidades), convergindo esforços para viabilizar ações que conduzam nossa cidade a um patamar de destaque no cenário estadual e nacional da inovação”. A partir dessa declaração, quando ainda secretário de Ciência e Tecnologia de Nova Friburgo, o que mudou desde 2019?

 - Avançamos muito desde então. Nesse mesmo ano de 2019 realizamos diversos eventos voltados a estimular a inovação e a maior integração entre universidades, empresas e governos, dentre os quais posso destacar o Ideatech Desafio Fevest, o Pitch InovaFri e a primeira edição da RioInfo em Nova Friburgo. Muitos estudantes e empreendedores participaram de tais iniciativas, muito relevantes até para ampliarmos a visibilidade do movimento em prol da inovação na cidade e região. No ano seguinte, quando a pandemia chegou ao país, muitas das articulações que foram realizadas no InovaFri facilitaram a criação de mecanismos visando a proteção da sociedade, dentre os quais destaco a iniciativa liderada por profissionais da Uerj e Uff que viabilizou a distribuição de mais de 100 mil protetores faciais (FaceShield), bem como o edital que permitiu a aquisição de centenas de milhares de máscaras de barreira em tecido para distribuição gratuita à população local. O próprio painel Covid-19 criado pela municipalidade contou com a liderança de profissional engajado com o movimento de inovação da cidade. Ainda em 2020, tivemos a aprovação da Lei Complementar nº 135, que instituiu o Código Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Nova Friburgo, definindo o marco legal a ser seguido para as estratégias e ações do setor. 

Marcelo Verly, em sua participação no Conlestech na Mesa Nova Friburgo: uma história de inovação e empreendedorismo

O que mudou a partir da aprovação e aplicação do Código e quais são as ações em curso relacionadas a essa lei? 

- A aprovação do Código coincidiu com o ingresso da nova gestão municipal, ocorrida poucos dias depois. Fomos recebidos pelo chefe do executivo municipal no início do segundo semestre de 2021 e foram iniciadas tratativas visando a instituição do Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, o que se efetivou em meados de dezembro. A partir do início de 2022, o Conselho vem se reunindo mensalmente, circulando por todas as entidades que o compõem e debatendo os temas relacionados ao setor, dentre os quais destacamos o Centro Tecnológico prometido pelo governo estadual (e que ainda não se efetivou), o planejamento e organização de eventos, o estímulo à adoção de programas e projetos de estímulo à inovação e empreendedorismo pelas entidades parceiras, bem como a troca permanente de informações. Iniciamos há pouco mais de 1 mês o planejamento estratégico do Conselho, aproveitando as experiências vivenciadas durante seu primeiro ano de vigência, bem como escutando os profissionais e instituições participantes de nosso ecossistema de inovação. Graças às articulações realizadas e ao engajamento de profissionais e entidades, conseguimos trazer para Nova Friburgo, somente nesse ano, o HackaTruck MakerSpace (caminhão da IBM voltado à capacitação tecnológica de estudantes de computação da Uerj e Cefet), o HackApae (maratona de desenvolvimento de soluções para problemas enfrentados pela Apae Nova Friburgo), a 1ª Semana SEBRAE Júnior (evento de capacitação que congregou as empresas juniores da cidade), bem como acompanhamos ações da mais alta relevância, como o lançamento do Hub de Inovação do Instituto de Saúde da Universidade Federal Fluminense. 

Primeira reunião do Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Nova Friburgo, realizada na Firjan Senai Espaço da Moda

A região serrana está integrada no processo de desenvolvimento através do ambiente tecnológico? 

- A cada dia nos integramos mais. Tivemos recentemente a Conlestech Nova Friburgo (Feira de Tecnologia promovida pelo Conleste, consórcio dos municípios da região leste fluminense), a qual contou com dezenas de participantes de diversos municípios, tanto serranos, quanto de outras regiões. Temos dezenas de alunos friburguenses no programa de capacitação Residência em Software promovido pelo Serratec e no dia 17 de novembro vamos participar do Petrópolis Tech Summit, buscando integração cada vez maior com os players do setor na região. A própria aprovação do nosso Código de Inovação foi precedida de diálogos com representantes de Petrópolis e Teresópolis, que já haviam aprovado legislação similar anteriormente. As perspectivas são muito positivas para os próximos meses e anos.

Mesa "O novo marco legal das startups e as leis municipais de inovação na Conlestech" com representantes de Niterói, Nova Friburgo e Teresópolis