CARLOS ROSA MOREIRA
CARLOS ROSA MOREIRA
Membro do Cenáculo Fluminense de História e Letras, da Academia Niteroiense de Letras e da Associação Niteroiense de Escritores. Tem oito livros publicados, todos de crônicas e contos.

Por: CARLOS ROSA MOREIRA

14/04/2024

16:39:30

NO AZUL

Estou refestelado na poltrona de domingo com as pernas esticadas e a cara virada para cima, para o céu de um azul que chega a ser arrogante
NO AZUL
É tanto azul que fecho os olhos, mas o azul permanece diante dos meus olhos fechados e se divide entre a calma do céu e a inconstância do mar...

            ...Você atravessa o azul, rema com vigor seu caiaque pouco à frente do meu. Vejo seus longos cabelos escuros sobre as costas nuas morenas, sua musculatura delicada e braços e ombros em perfeitos movimentos ritmados. Eu sigo logo atrás, deslumbrado. 

            Foi o nordeste manso que alisou o mar e permitiu nossa aventura. Se continuarmos nesse ritmo, alcançaremos o Boqueirão no estofo da maré, então será fácil atravessá-lo. A água está tão clara que vejo passar as lajes, cinco, seis, dez metros lá no fundo. Gostaria de mostrar a pedra onde vivia a imensa moreia verde que quase me mordeu. Mas você não para... É bonito vê-la assim, avançando sobre o mar com determinação. Você, que parece tão frágil, que é tão feminina, dá gosto vê-la, honey baby. Em breve dobraremos a ponta e ficaremos paralelos à ilha. Quero rever a grande figueira sobre as dunas de areias brancas. Além da ponta as águas serão mais rasas, haverá o fundo de pequeninas pedras da cor de ouro velho, outrora esconderijo de grandes linguados que ali se aninhavam. À noite, Jacy sairá das águas por trás da Ilha dos Porcos e deitará sua luz sobre as praias, a luz que faz bem à tua alma, a luz que também te pertence. Eu quero pensar coisas do mar, honey baby. Poderia te contar histórias do mar. Casos de velhos pescadores, histórias que ouvi de faroleiros em ilhas perdidas, coisas pequenas acontecidas comigo. Queria surpreender você, que desliza em seu mar com a segurança de quem pisa o chão de sua casa. Lembro-me de que contou daquela praia selvagem, cravada na pedra, solitária e inóspita, que o mar toma para si em cada maré cheia. Você nadava nua com sua amiga e ambas sangravam num dia coincidente. E viram barbatanas ameaçadoras e furtivas entre as ondas, possíveis predadores no rastro das fêmeas. 

            Penso em tudo isso enquanto sigo você. O mar está calmo e há essa brisa amiga, mas sabemos que os ventos mudam e mexem com as águas. Tento captar seu cheiro e tudo o que sinto é o perfume do mar, esse perfume que tanto amamos!  Você é tão simples, você é tão sua praia! Eu é que sou assim, como esses ventos que rondam, desembestam, parecem não acreditar na existência de enseadas e calmarias que não precisam deles. 

            Cerro meus olhos com força. Ultrapassamos ilha e continente, o mar se abriu. Há o sobe e desce das ondas grandes e o movimento selvagem do oceano. Gostaria de saber, honey baby, gostaria de acreditar que emociono você. Acho que remará até o farol, ou à Gruta Azul, não sei... Vejo suas costas bonitas, seus cabelos levados pela brisa salgada. E abro os olhos para não ver você, minha grande, minha pequena, oh, minha grande obsessão.

 


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