Por: AYRTON DIAS - 27/05/2025 15:47:44
Inicialmente ligados a área comercial, os “brimos” ocupam hoje, praticamente, todos os setores produtivos da cidade.
O Líbano é um país do Oriente Médio, uma pequena nação que reúne belas paisagens e um povo hospitaleiro. O país é banhado pelo Mar Mediterrâneo e detém várias práticas culturais típicas das populações árabes e cristãs. A cultura árabe envolve tradições, i
Árabes no Brasil
O Imperador D. Pedro II após efetuar uma viagem diplomática ao Oriente Médio, mostrou-se fascinado pela cultura local e pela cordialidade do povo árabe. Consta que, por meio do Imperador, as primeiras levas de imigrantes árabes foram atraídas para o Brasil. Entre 1884 e 1933, 130.000 sírios e libaneses chegaram ao país sendo tratados como "turcos", pois, no início da imigração, sírio-libaneses eram cidadãos (árabes) do Império Turco-Otomano e seus passaportes eram
expedidos pelo governo Turco-Otomano. A população os chamava de turcos, o que os desagradava demasiadamente.
A opção de grande parte dos árabes no Brasil foi pelo comércio, tendo como preferência se estabelecer no meio urbano brasileiro. Muitos deles tornaram vendedores que perambulavam pelas cidades brasileiras, vendendo seus produtos. Os mascates, após acumularem dinheiro, montavam suas casas comerciais e posteriormente a própria indústria, setor que também foram muito bem sucedidos.
Libaneses em Nova Friburgo
Com significativa presença na região serrana fluminense, os libaneses começaram a chegar no município friburguense a partir de 1890 e, progressivamente, passaram a dominar o comércio, seja na negociação de imóveis, atuando em seus armarinhos ou no mercado da moda.
Trabalhando intensamente, gastando o mínimo possível e suportando o máximo desconforto, eles prosperaram muito chegando a ter protagonismo na principal artéria comercial de Nova Friburgo, a avenida Alberto Braune. Com muita determinação para superar os inúmeros obstáculos da adaptação ao novo país, os pioneiros libaneses passaram a investir na educação para promover a ascensão socioeconômica dos seus filhos, sendo a medicina e a carreira jurídica as opções preponderantes dessa nova geração.
Atualmente, totalmente integrada a vida do município, a comunidade libanesa de Nova Friburgo se organiza em torno Associação Cultural Líbano-Friburguense, criada pelo empresário Gilberto Sader, proprietário da Doces Sader, uma tradicional atração turística por comercializar produtos genuinamente friburguenses. Gilberto, atual presidente da Associação, é um grande destaque da Colônia Libanesa e sua história é um ótimo exemplo da determinação do seu povo: “Minha empresa começou de forma hiper simples. Minha mãe fazia os doces em seu fogão doméstico e meu pai os comercializava em feiras livres. Tempos depois montou sua primeira 'tímida lojinha' à rua Francisco Miele em 1966. Em início de março de 1970 meus pais mudaram a loja para a rua Dante Laginestra. Meu pai Getúlio Simão Sader faleceu vitimado por infarto. Eu, menino, com apenas 19 anos passei a trabalhar na loja para minha mãe que continuava a fabricar os doces em seu fogão caseiro. Em 1971 minha querida e saudosa mãe passou a loja pra mim e construiu a fábrica na Chácara do Paraíso. Se aposentou e passou a fábrica para minhas duas irmãs. Em1990 inaugurei a atual loja DOCES SADER na Praça do Suspiro e, em 2000 assumi também a direção da indústria.”
Segundo Gilberto, as famílias libanesas que se estabeleceram em Nova Friburgo foram: Abib, Abdo, Abicalil, Abdala, Abinasser, Abirachid, Adip, Abi-Râmia, Aboumurad, Abbud, Abrahão, Alcoury, Alexandre(Skandar), Ailmel, Amim, Assad, Assaf, Assef, Assum, Ayd, Auad, Aucar, Ayub, Aziz, Badin, Barucke, Boutros, Baduhy, Bedran, Bechara, Boechen, Boulos, Buaiz, Beyruth, Calil, Cannan, Carim, Chaloub, Cheade, Chible, Chicre, Chini, Chequer, Caled, Coury, Cury, Daher, Deccache, Dagfal, David, Derzi, Dib, Elias, Estefan, El-Jaick, Fadel, Farah, Feres, Ferreira (o nome original é Haddad, aquele que trabalha com o ferro), Francis, Gandur, Gastim, Gazé, Gazel, Gervásio, El-Haber, Harb, Gibran, Helayel, Haddad, Hissi, Ibrahim, Iunes, Jabour, Jamal, Jana, Japor, Jasbicke, Jorge, Kazan, Keidh, Jadah, Khaled, Kharan, Koury, Lopes (ou Lêpus), Mansur, Mattar, Miled, Miguel, Mussalém, Mussi, Marum, Nacif, Nader, Neder, Name, Namen, Nasser, Noé, Osório, Pedro(o mesmo que Boutros), Quinan, Rafidi, Râmia, Saad, Saade, Sada, Sader, Saleme, Salles, Salomão, Salim, Sarruf, Sayech, Suaid, Simão, Estefan, Santos(ou Acoubb), Tanis, Tanusse, Theme, Tupogi, Tanure, Zarife e Ziede. Ele afirma também que existem mais de 100 famílias de origem libanesa na cidade e os libaneses ocupam praticamente todos os setores produtivos do município.