Por: ATTILA MATTOS
26/05/2024
10:50:49
AILTON, SEU CÃO LICO E A ALEGRIA DE VIVER
Mas a vida foi
passando, a idade avançando e Aílton, sabe-se lá porque, começou a apresentar
um quadro de depressão. O pai de Aílton
tinha um sítio aqui em Friburgo que ele sempre curtiu muito durante toda a vida
e, nesse momento de dor que a doença promove, já aposentado, ele decidiu
refugiar-se na tal propriedade paradisíaca às margens do Rio Bonito. Mas é
claro que o isolamento não resolveu o quadro depressivo e talvez até tenha
piorado a condição, o que gerava uma imensa preocupação para seu filho e sua
esposa que ficaram no Rio. Ambos faziam visitas, mas não podiam permanecer com
ele visto que tinham seus compromissos na capital do estado. A situação foi se
agravando até que um dia ao despertar, Aílton ouviu um gemido no quintal e,
quando foi averiguar, descobriu que tinham posto um filhote de cão em frente ao
seu portão. Aílton entrou em estado de torpôr, mas não podia abandonar aquela
pequena criatura indefesa. Chamou o empregado do sítio para ajudar-lo e,
naquele momento, adotou o animalzinho para sempre.
Desse dia em
diante sua vida se transformou. Ligou imediatamente para a esposa e o filho
para narrar o fato, e logo na primeira semana chamou o veterinário, que era eu,
para vacina e cuidados pediátricos com o filhote. No mesmo dia escolheu o nome
de Lico para o filhote e cercou-lhe de todos os cuidados de forma que depois de
meses o cão estava grande e belíssimo.
Lico passou a ser seu companheirão nas caminhadas pelo sítio e banhos de
rio. Na varanda de sua casa de onde se avista o encontro do córrego do macuco
com o rio bonito, Lico acompanhava Aílton durante suas leituras. A companhia de
Lico fez Aílton esquecer a depressão para sempre e devolveu-lhe a alegria de
viver. A mudança no estado de humor de Aílton era perceptível e admirada por
todos. A resposta afetiva do animal aos cuidados e carinhos de seu dono também
eram impressionantes.
Ainda hoje,
depois de mais de dez anos, ainda atendo Lico como Médico Veterinário, e
compartilho da amizade de ambos. O cão
está bem velhinho, mas ainda os vejo vez por outra naquela varanda, Lico
deitado e Aíton lendo e fumando seu cachimbo. Acho que nunca esquecerei essa
cena.
A estória de Aílton
e Lico é bem característica da influência dos animais na estabilidade emocional
e na condição de bem estar e felicidade do ser humano. Isso é óbvio, e só não
enxerga quem não quer admitir as nossas carências, dores e necessidades mais
íntimas. Como escreveu Divaldo Franco na sua poesia de agradecimento: “
Agradeço a Deus por ter me dado um cão porque é muito triste viver na solidão.”
ENFIM, CAROS LEITORES, É PRECISO AMAR OS ANIMAIS COM
RESPONSABILIDADE.