Por: PEDRO RAFAEL VILELA - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL - BRASÃLIA
16/06/2021
19:59:59
COPOM ELEVA TAXA BÃSICA DE JUROS PARA 4,25% AO ANO
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Em comunicado, o
BC indicou que deve seguir elevando a taxa Selic na próxima reunião, marcada
para os dias 3 e 4 de agosto. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê a
continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma
magnitude. Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o
horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estÃmulos
monetários. O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução
da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as
projeções de inflação", informou o texto.
No comunicado, o
Copom destacou que a pressão inflacionária revela-se maior que o esperado,
"sobretudo entre os bens industriais". "Adicionalmente, a
lentidão da normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e
implicações da deterioração do cenário hÃdrico sobre as tarifas de energia
elétrica contribuem para manter a inflação elevada no curto prazo, a despeito
da recente apreciação do real. O Comitê segue atento à evolução desses choques
e seus potenciais efeitos secundários, assim como ao comportamento dos preços
de serviços conforme os efeitos da vacinação sobre a economia se tornam mais
significativos", informou o comunicado.
Com a decisão de
hoje, a Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser
elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao
ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até
que a taxa chegou a 6,5% ao ano, em março de 2018.
Em julho de
2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020,
influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse
era o menor nÃvel da série histórica iniciada em 1986. Porém, a taxa começou a
subir novamente em março deste ano, passando para 2,75%. Depois, em maio, subiu de novo, para 3,5%.
Inflação
A Selic é o
principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação
oficial, medida pelo Ãndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em
maio, o indicador fechou no maior nÃvel para o mês desde
1996. No acumulado de 12 meses, o IPCA acumula alta de 8,06%. De janeiro a maio
deste ano, a inflação foi de 3,22%.
O valor está
acima do teto da meta de inflação. Para 2021, o Conselho Monetário Nacional
(CMN) tinha fixado meta de inflação de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5
ponto percentual. Com isso, o IPCA não poderia superar 5,25% neste ano nem
ficar abaixo de 2,25%.
No Relatório de
Inflação divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária
estimava que, em 2021, o IPCA fecharia o ano em 5% no cenário base. Esse
cenário considera um eventual estouro do teto da meta de inflação no primeiro
semestre, seguido de queda dos Ãndices no segundo semestre. A projeção oficial
só será atualizada no próximo Relatório de Inflação, no fim de junho.
Já a projeção do
mercado prevê uma inflação ainda maior, acima até do teto da meta. De acordo
com o último boletim Focus, pesquisa semanal com
instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o
ano em 5,82%, na 10ª alta consecutiva da projeção.
Crédito mais caro
A elevação da
taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores encarecem o
crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas
dificultam a recuperação da economia.
No último Relatório
de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 3,6% para a economia em
2021, decorrente da segunda onda da pandemia de covid-19. No Boletim
Macrofiscal de Maio, divulgado no mês passado pelo Ministério da Economia, a previsão de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no paÃs) para 2021 foi
de 3,5%.
O mercado
projeta crescimento maior. Segundo a última edição do boletim Focus, os
analistas econômicos preveem expansão de 4,85% do PIB este ano.
A taxa básica de
juros é usada nas negociações de tÃtulos públicos no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de
juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso
de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança.
Ao reduzir os
juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo,
mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade
monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm
risco de subir.
Edição:
Denise Griesinger