ATTILA MATTOS
ATTILA MATTOS
Nascido em Niterói, Attila Pereira Gomes de Mattos Neto (63 anos) fez a opção por se estabelecer em Nova Friburgo. Apaixonado pelo município, ele é proprietário da tradicional Veterinária Mury, localizada no 8º distrito friburguense. Há 40 anos no mercado, Attila aborda em sua Coluna questões relacionadas a saúde animal e zoonoses. “Desejo que minha participação seja útil na manutenção da saúde dos animais que são nossos companheiros nessa viagem que fazemos na Terra através do universo. Desejo ser útil também na prevenção das doenças dos homens que são transmitidas pelos animais (zoonoses)”.

Por: ATTILA MATTOS

04/03/2022

09:52:11

SEU ANTÔNIO, SUA GATINHA E A ESPOROTRICOSE

Zoonoses: doenças dos animais transmissíveis ao homem
SEU ANTÔNIO, SUA GATINHA E A ESPOROTRICOSE
Seu Antônio já entrou em minha clínica chorando. Contou-me que levou sua gatinha a uma médica veterinária e esta lhe disse que deveria fazer eutanásia com seu querido bichinho. A veterinária disse que a gatinha tinha esporotricose, doença sem cura que poderia ser transmitida ao Antônio e, enfim, a orientação seria o sacrifício do animal. A primeira pergunta que eu fiz ao senhor foi se a veterinária tinha feito exame laboratorial da lesão e ele respondeu que não. Então, como ela tinha certeza desse diagnóstico? Por outro lado, quem disse que esporotricose não tem cura? O fato é que o velhinho estava em pânico.

Seu Antônio havia perdido sua esposa há algum tempo e, apesar do esforço e carinho dos filhos já adultos e casados, o vovô sofria a angústia da perda de sua companheira. Sendo assim, aquela gatinha tornou-se a alegria de sua vida. O bichinho era o que sobrou de sua família, além do que, sua falecida esposa também amava o animalzinho. Como poderia ser possível que agora tivesse que mandar matá-la. Isso era inaceitável, inconcebível e impossível de ser realizado tamanho o amor que o idoso tinha pelo animal e pelo espaço que este preenchia em sua vida de viúvo. Outro fato relevante era o de que a gatinha já vivia há muito tempo com o senhor e não tinha até aquele momento lhe transmitido a doença. Tudo indicava que o diagnóstico estava errado. 

       
 Analisando este fato levantam-se duas observações:
 

       
1- Não se pode definir um diagnóstico dessa gravidade sem comprovação
laboratorial.
 



2- Não se pode decidir por um protocolo de
eutanásia para um caso que não tem essa indicação.
         


A realidade é que a esporotricose  é uma doença causada por fungo e que tem tratamento nos homens e nos animais. Outro fato é que hoje a esporotricose virou um mito e qualquer doença de pele que aparece em consultórios ou clínicas de profissionais despreparados é diagnosticada como esporitricose, virou moda. 


Uma avaliação mais ampla é a de que na Medicina humana, Odontologia e Medicina veterinária surgiram as tais clínicas populares que na realidade tratam-se de ”portinhas” que são abertas sem a menor condição de funcionamento e que
oferecem os mesmos serviços de  clínicas bem estruturadas. Tais clínicas
populares praticam preços bem menores e com isso atraem o público, mas o
serviço que executam é, muitas vezes, de péssima qualidade. Na maioria das
vezes quem atende são estagiários que ainda não estão prontos para o trabalho
mas que são mão de obra barata para os empresários dessas espeluncas. Em tais
estabelecimentos os animais sofrem cirurgias no mesmo espaço em que outros
estão internados fazendo defecações e espalhando bactérias e tudo mais no
ambiente. Nesses locais os animais também são entregues aos proprietários logo
após as cirurgias, ainda sob efeito de anestesia como se isso fosse um
procedimento normal da medicina. Esperamos que o Conselho de Medicina
veterinária tome  providências para acabar com essa vergonha, assim como
os Conselhos de Medicina humana e Odontologia.  
 


A gatinha de seu Antônio não tinha esporotricose, está curada da dermatite
simples que apresentava e nosso amigo não teve que sacrificar sua companheira
felina.


       ENFIM, É PRECISO AMAR OS ANIMAIS COM RESPONSABILIDADE!!!




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